Simulado de Interpretação de Texto #01

Confira simulado de interpretação de texto da Língua Portuguesa. Essas questões foram retiradas de Prova Objetiva aplicada em concurso público pela Fundação VUNESP, para cargo de nível médio.

TEXTO - Ai, Gramática. Ai, vida.
O que a gente deve aos professores!
Este pouco de gramática que eu sei, por exemplo, foram Dona Maria de Lourdes e Dona Nair Freitas que me ensinaram. E vocês querem coisa mais importante do que gramática? La grammaire qui sait régenter jusqu’aux rois – dizia Molière: a gramática que sabe reger até os reis, e Montaigne: La plus part des ocasions des troubles du monde sont grammairiens – a maior parte de confusão no mundo vem da gramática.Há quem discorde. Oscar Wilde, por exemplo, dizia de George Moore: escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática. (A propósito, de onde é que eu tirei tantas citações? Simples: tenho em minha biblioteca três livros contendo exclusivamente citações. Para enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor. Pena que os livros são em inglês. Aliás, inglês eu não aprendi na escola. Foi lendo as revistas MAD e outras que vocês podem imaginar). Discordâncias à parte, gramática é um negócio importante e gramática se ensina na escola – mas quem, professoras, nos ensina a viver? Porque, como dizia o Irmão Lourenço, no
schola sed vita – é preciso aprender não para a escola, mas para a vida.

Ora, dirão os professores, vida é gramática. De acordo. Vou até mais longe: vida é pontuação. A vida de uma pessoa é balizada por sinais ortográficos. Podemos acompanhar a vida de uma criatura, do nascimento ao túmulo, marcando as diferentes etapas por sinais de pontuação.
Infância: a permanente exclamação:
Nasceu! É um menino! Que grande! E como chora! Claro, quem não chora não mama!
Me dá! É meu!
Ovo! Uva! Ivo viu o ovo! Ivo viu a uva! O ovo viu a uva!
Olha como o vovô está quietinho, mamãe!
Ele não se mexe, mamãe! Ele nem fala, mamãe!
Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! Criança – não verás nenhum país como este!
Dá agora! Dá agora, se tu és homem! Dá agora, quero ver!

(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar, 1996. Adaptado)

1. No texto, o autor recorre a várias citações, com a finalidade de
2. Observe as passagens do texto:

• O que a gente deve aos professores! (1o parágrafo)
• ... mas quem, professoras, nos ensina a viver? (4o parágrafo)

Observando-se o contexto em que ocorrem e a pontuação nelas presentes, conclui-se que as frases apontam, correta e respectivamente, para os seguintes sentidos:
3. Quando o autor diz que a vida é pontuação e associa a infância à exclamação, seu objetivo é mostrar que
4. O que Oscar Wilde afirma acerca de George Moore – escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática – significa que
5. Assinale a alternativa em que as frases da passagem Infância: a permanente exclamação expressam as vivências infantis relacionadas à possessividade e à escolarização, respectivamente.
6. Considere os trechos do texto:

• Há quem discorde. (3o parágrafo)
• Para enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor. (3o parágrafo)
• Vou até mais longe: vida é pontuação. (5o parágrafo)

De acordo com o sentido do texto e com a norma-padrão, os enunciados podem ser ampliados, respectivamente, com as reescritas:
7. Nas frases “Simples: tenho em minha biblioteca três livros contendo exclusivamente citações.” (3o parágrafo), “Vou até mais longe: vida é pontuação.” (5o parágrafo) e “A vida de uma pessoa é balizada por sinais ortográficos.” (5o parágrafo), as expressões em destaque podem ser substituídas, sem prejuízo de sentido ao texto, correta e respectivamente, por:
8. De acordo com a norma-padrão, o trecho do 4o parágrafo “ … gramática é um negócio importante e gramática se ensina na escola…” está corretamente reescrito em:
9. Assinale a alternativa em que há expressão(ões) empregada(s) em sentido figurado.